O talo estala no hálito da chama
Enquanto rangem as paredes e o soalho
Na aura incandescente que o fogo emana.
No caos escuta-se da brasa o ralho
E um escarcéu de gritos das cortinas
E sedas agonizando em farfalho.
A escuridão se apodera dos cantos
E dos flancos e quinas cerca as flamas
Famintas e seu fumacê funesto.
As labaredas bafejam grosseiras
E audazes como a lava irrompe rude
Pelo couro da crosta cascalheira.
O sussuro cáustico sopra amiúde
O acinte funéreo ao pé do ouvido
Da carne a crispar-se no crisol que arde.
As fotos e quadros na cresta encrespam
As crassas resinas que derretendo
Em esculturas tenebrosas se estrepam.
O inferno voraz engole o antro que
Inflama agro no ardor acre de vulcão
Que desperto digere vila e bosque.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
sábado, 27 de novembro de 2010
DESORDEM DO COLAPSO DAS COLÔNIAS
Ah, tomo corpo esquálido da criança,
Tão frágil, tão magro, entre meus braços...
Beijo a fronte rígida, porém mansa,
Tão dessecada... de ríspidos traços...
Numa tosse ela golfa o sopro vital,
E o líquido anêmico me asperge.
É quando há tanta carência de Esprital
Que a minha fútil consciência emerge.
A grita rosna, o rugido ecoa,
A relva cai como a vida escoa.
As montanhas permanecem imutáveis.
E só então é que a areia se mexe,
Ao chão escavar. É um ato de praxe
Evadir-se das penas inexpiáveis.
Tão frágil, tão magro, entre meus braços...
Beijo a fronte rígida, porém mansa,
Tão dessecada... de ríspidos traços...
Numa tosse ela golfa o sopro vital,
E o líquido anêmico me asperge.
É quando há tanta carência de Esprital
Que a minha fútil consciência emerge.
A grita rosna, o rugido ecoa,
A relva cai como a vida escoa.
As montanhas permanecem imutáveis.
E só então é que a areia se mexe,
Ao chão escavar. É um ato de praxe
Evadir-se das penas inexpiáveis.
sábado, 12 de junho de 2010
THE FEELING SQUANDERS
The suns are setting
In the galaxy
There is no ending
For one to see
The thirst is quenching
As time goes by
No throat is bleeding
No tongue is dry
The seas are draining
The planets die
Our hands are waving
Away we fly
The search goes on
We never rest
Nomad, alone
The human chest
Only the memory
Is allowed to thrive
Exchanging painfully
The joy for strife
Yet soon enough
The hearts keep beating
The blood is pumped
Again we’re living
Again we’re leaving
No bonds, no ties
Where is the feeling?
When does it die?
The season’s changing
The rays of light
Are now arriving
From the other side
The sand has patterns
That will be wiped
Only in a photograph
We keep them alive
New ones are drawn
Over the last
Then we move on
No looking back
Do we have to accept?
Is this correct?
In the galaxy
There is no ending
For one to see
The thirst is quenching
As time goes by
No throat is bleeding
No tongue is dry
The seas are draining
The planets die
Our hands are waving
Away we fly
The search goes on
We never rest
Nomad, alone
The human chest
Only the memory
Is allowed to thrive
Exchanging painfully
The joy for strife
Yet soon enough
The hearts keep beating
The blood is pumped
Again we’re living
Again we’re leaving
No bonds, no ties
Where is the feeling?
When does it die?
The season’s changing
The rays of light
Are now arriving
From the other side
The sand has patterns
That will be wiped
Only in a photograph
We keep them alive
New ones are drawn
Over the last
Then we move on
No looking back
Do we have to accept?
Is this correct?
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
ALENTO
Se deixásseis este corpo amanhã
Habitarias finalmente aqui dentro
Veria-te sempre, aqueceria-me
Com teu calor dentro do meu peito
E não do outro lado do meu mundo
E não apenas quando estivéssemos fisicamente perto
E não apenas quando a imagem do teu sorriso me tocasse
E não apenas quando tua mão me afagasse
E não apenas quando precisássemos forçar as bordas dos nossos corpos
Porque tu existirias através de mim
Tu farias o bem pelas minhas mãos
Tu andarias na Terra com as minhas pernas
Eu me tornaria em ti, de tanto que te quereria
E viverias... até que ambos estivéssemos livres...
Mas é melhor assim
Porque, mesmo que só sinta amor
No próprio ato de amar
Prefiro por ti ser amado, do que forçosamente te amar
Porque me faz feliz saber que podes amar
E, se podes amar, de mim podes sentir amor.
Habitarias finalmente aqui dentro
Veria-te sempre, aqueceria-me
Com teu calor dentro do meu peito
E não do outro lado do meu mundo
E não apenas quando estivéssemos fisicamente perto
E não apenas quando a imagem do teu sorriso me tocasse
E não apenas quando tua mão me afagasse
E não apenas quando precisássemos forçar as bordas dos nossos corpos
Porque tu existirias através de mim
Tu farias o bem pelas minhas mãos
Tu andarias na Terra com as minhas pernas
Eu me tornaria em ti, de tanto que te quereria
E viverias... até que ambos estivéssemos livres...
Mas é melhor assim
Porque, mesmo que só sinta amor
No próprio ato de amar
Prefiro por ti ser amado, do que forçosamente te amar
Porque me faz feliz saber que podes amar
E, se podes amar, de mim podes sentir amor.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
PROCELA
Destruidoras ondas espiralam impetuosas,
Junto ao chilrear dos ventos bramindo nefastas!
Erguem as trombas d’água sibilando furiosas
E imponentes sobre a cruel torrente que arrasta!
A escura cor do mórbido azul pelágico
Encobre a superfície hostil com horrenda tinta,
Que negra reluz por sob o manto célico
Da turbulenta, aterradora tormenta!
A borrasca fustiga a areia que a ventania
Vergasta, o tornado flagela os penedos,
Flagela as fragas que fazem à praia companhia!
A natureza ruge, desgasta o rochedo,
O estraga, lima, fere, no frêmito o arranha,
Choca a desentranhar de si o agressivo medo!
Junto ao chilrear dos ventos bramindo nefastas!
Erguem as trombas d’água sibilando furiosas
E imponentes sobre a cruel torrente que arrasta!
A escura cor do mórbido azul pelágico
Encobre a superfície hostil com horrenda tinta,
Que negra reluz por sob o manto célico
Da turbulenta, aterradora tormenta!
A borrasca fustiga a areia que a ventania
Vergasta, o tornado flagela os penedos,
Flagela as fragas que fazem à praia companhia!
A natureza ruge, desgasta o rochedo,
O estraga, lima, fere, no frêmito o arranha,
Choca a desentranhar de si o agressivo medo!
ANTILUZ
Resplandecente aura que asperge o cosmos
De tinta negra, como um revolto mar
Noturno, a reter navios nos ermos
Colossais, escuros e frios, a assomar
Monstruoso, gigante, inexorável...
És a impassibilidade voraz, faminta
De calor a devorar o universo!
Buraco negro, escuro antifóton,
Alumia o pesar, esmorece a alegria!
No teu leito profundo vozes ressoam
Ainda! Geme o planeta da tua ébria
Loucura, a o engolir insaciável,
A sufocar o grito e a revolta
Nos terrores e horrores mais diversos!
Indolente miasma, marasmo da alma!
Do caos das prefulgências reverbera,
Perturba a superfície maritma,
No funéreo vácuo ecoa, à severa
Escala foge, perpassa inaudível.
Permeia a galáxia com a sombra estulta,
Na torpe penumbra esconde o perverso.
Antítese da esperança, estagna
A pulsação, amolece os músculos,
Adormece o espírito, acanha
O louvor, absorve o brilho, o ósculo
Sorve, nos deixa a carne perecível,
A carcaça morta, vazia e funesta!
Do lume nos leva ao sentido inverso!
Irradia do pélago da celeste
Origem, da escuridão primitiva...
Desde o início embebe as dolentes vestes
Em óleo escuro, na viscosa saliva
Etérea, no ectoplasma inextinguível!
Matéria escura, matéria esquisita!
Em si permeia o espaço-tempo imerso!
Ruge em contrações, ronca o sono morto
No esquife do fundo abismo atlântico,
Que contém o tempo, guardado no extinto
Âmbar da Gênese, no titânico
Altar... És registro da hora inefável
E primordial, ouve-se de ti a grita,
No oceano o choro batismal submerso!
De tinta negra, como um revolto mar
Noturno, a reter navios nos ermos
Colossais, escuros e frios, a assomar
Monstruoso, gigante, inexorável...
És a impassibilidade voraz, faminta
De calor a devorar o universo!
Buraco negro, escuro antifóton,
Alumia o pesar, esmorece a alegria!
No teu leito profundo vozes ressoam
Ainda! Geme o planeta da tua ébria
Loucura, a o engolir insaciável,
A sufocar o grito e a revolta
Nos terrores e horrores mais diversos!
Indolente miasma, marasmo da alma!
Do caos das prefulgências reverbera,
Perturba a superfície maritma,
No funéreo vácuo ecoa, à severa
Escala foge, perpassa inaudível.
Permeia a galáxia com a sombra estulta,
Na torpe penumbra esconde o perverso.
Antítese da esperança, estagna
A pulsação, amolece os músculos,
Adormece o espírito, acanha
O louvor, absorve o brilho, o ósculo
Sorve, nos deixa a carne perecível,
A carcaça morta, vazia e funesta!
Do lume nos leva ao sentido inverso!
Irradia do pélago da celeste
Origem, da escuridão primitiva...
Desde o início embebe as dolentes vestes
Em óleo escuro, na viscosa saliva
Etérea, no ectoplasma inextinguível!
Matéria escura, matéria esquisita!
Em si permeia o espaço-tempo imerso!
Ruge em contrações, ronca o sono morto
No esquife do fundo abismo atlântico,
Que contém o tempo, guardado no extinto
Âmbar da Gênese, no titânico
Altar... És registro da hora inefável
E primordial, ouve-se de ti a grita,
No oceano o choro batismal submerso!
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
UM TRILHÃO DE ANOS
Sinto a brisa fantasmagórica da estrela
A vagar pachorrenta pelas alamedas
Há muito abandonadas, vazias, esquecidas,
Só com o vento solar azul frio a aquecê-las...
A memória do funeral se esvaiu, toca em vão,
Ressoa a melodia fúnebre nos confins surdos
Da distância infinda, onde não há ar... Os mudos
Vácuos vagam por onde mundos já vagaram.
Ah... Meu espectro flutua onde se desintegrou
A tumba do cosmos... O sepulcro se verteu
Em poeira, essa foi soprada, há muito voou.
Ficou apenas a memória diluída, morta...
A alma ressequida que o combustível queimou
Definha tosca na vaguidão insólita...
A vagar pachorrenta pelas alamedas
Há muito abandonadas, vazias, esquecidas,
Só com o vento solar azul frio a aquecê-las...
A memória do funeral se esvaiu, toca em vão,
Ressoa a melodia fúnebre nos confins surdos
Da distância infinda, onde não há ar... Os mudos
Vácuos vagam por onde mundos já vagaram.
Ah... Meu espectro flutua onde se desintegrou
A tumba do cosmos... O sepulcro se verteu
Em poeira, essa foi soprada, há muito voou.
Ficou apenas a memória diluída, morta...
A alma ressequida que o combustível queimou
Definha tosca na vaguidão insólita...
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
LUZ VERMELHA
Eflúvios! Ondas! Correntes solares! Ó!
Mais uma vez vos admiro! Terno consolo...
Sentado ao despenhadeiro te fito, só,
Mas preenchido e enternecido sob o teu halo...
Nem santa, nem profana, nem humana, sideral!
Útero materno, sangue arterial, distinta
Mão que afaga, sobre mim estica a manta astral!
E me acalenta, me lembra o azul, a tinta
Cerúlea, violeta e marinho, tu és fogo,
O oceano o óleo, eu a tocha, num balé de flamas
Sou embebido em calor, neste torpor me afogo!
Envolve o mundo! Doba os raios sanguíneos, rubros,
A entranhar a esfera terrestre nas tuas chamas
Com róseos, enferrujados, trigueiros membros!
Mais uma vez vos admiro! Terno consolo...
Sentado ao despenhadeiro te fito, só,
Mas preenchido e enternecido sob o teu halo...
Nem santa, nem profana, nem humana, sideral!
Útero materno, sangue arterial, distinta
Mão que afaga, sobre mim estica a manta astral!
E me acalenta, me lembra o azul, a tinta
Cerúlea, violeta e marinho, tu és fogo,
O oceano o óleo, eu a tocha, num balé de flamas
Sou embebido em calor, neste torpor me afogo!
Envolve o mundo! Doba os raios sanguíneos, rubros,
A entranhar a esfera terrestre nas tuas chamas
Com róseos, enferrujados, trigueiros membros!
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
LUZ BRANCA
Ah! Luz branca! Fulgor da alma! Oceano aéreo...
Vogo no teu humor, à deriva, ó leveza,
Sopro morno, seio materno, ó corpo etéreo!
Me punge, peneira, enleva-me em realeza!
No cinza monótono, no fosco, no opaco,
De ti me lembro, e flutuo em terna liquidez.
Aos olhos podes ser terno afago, Góticos
Raios de serena gelidez e suave agudez...
Tenra ventania, brisa inerte, onda de alto mar,
Embala, comove, chama as brumas e névoas...
Um Anjo entrecorta as nuvens, e Gloriosa ama!
Ó Ninfa dos lagos luzeiros, das jazidas
De cristais pastosos, abre as asas e voa!
Toca-me a face, faz-me a vida mais Vívida!
Vogo no teu humor, à deriva, ó leveza,
Sopro morno, seio materno, ó corpo etéreo!
Me punge, peneira, enleva-me em realeza!
No cinza monótono, no fosco, no opaco,
De ti me lembro, e flutuo em terna liquidez.
Aos olhos podes ser terno afago, Góticos
Raios de serena gelidez e suave agudez...
Tenra ventania, brisa inerte, onda de alto mar,
Embala, comove, chama as brumas e névoas...
Um Anjo entrecorta as nuvens, e Gloriosa ama!
Ó Ninfa dos lagos luzeiros, das jazidas
De cristais pastosos, abre as asas e voa!
Toca-me a face, faz-me a vida mais Vívida!
terça-feira, 1 de setembro de 2009
AMOR IDEAL
O amor ideal é intangível
É o rebusco das emoções
Até o seu mais alto nível.
A perdurar por gerações,
Ele aquece do túmulo
As terras e as vidas todas,
Fazendo emergir do solo
Belas flores esquecidas,
Mas ainda assim coloridas.
O amor ideal é trôpego,
Gagueja, sua, traz despida
A inocência, os trêfegos
Beijos, inquietudes, sopros.
Desespero e inconsequência.
Sexo por amor, quid pro
Quo em parnasa competência.
É frágil, mas duradouro.
Ora trágico e ora feliz.
O amor ideal é vindouro
E pode deixar cicatriz.
É uma luta, não um acordo
Entre o futuro e o destino.
É beijar a pedra e o fardo
Encontrados no caminho.
É tragar o suor e o orvalho,
Beber do ocaso e da pele,
Desdenhar dos elos falhos,
Morrer, por mais que se cale
O grito, rogo e súplica,
Deixar-se afundar, descender
Na prosa mais impudica
A respeito do seu entender
Próprio. É esquecer-se de si
Mesmo, compreender-se menos,
Perder-se, desencontrar-se,
Tatear pelo outro, pois unos
Os corpos se comunicam,
Pedem-se e se negam, tolos...
Sonegam a saliva, ficam
À espera um do outro, nos miolos
De algodão, tecidos, véus,
Campos de trigo, córregos,
Pedindo mesmo em si: "Céus,
Deixem-me fluir em seu âmago!"
Para aqueles destemidos
Ou apaixonados por sonhos,
O amor ideal é cálido,
Um tesouro sem tamanho!
É o rebusco das emoções
Até o seu mais alto nível.
A perdurar por gerações,
Ele aquece do túmulo
As terras e as vidas todas,
Fazendo emergir do solo
Belas flores esquecidas,
Mas ainda assim coloridas.
O amor ideal é trôpego,
Gagueja, sua, traz despida
A inocência, os trêfegos
Beijos, inquietudes, sopros.
Desespero e inconsequência.
Sexo por amor, quid pro
Quo em parnasa competência.
É frágil, mas duradouro.
Ora trágico e ora feliz.
O amor ideal é vindouro
E pode deixar cicatriz.
É uma luta, não um acordo
Entre o futuro e o destino.
É beijar a pedra e o fardo
Encontrados no caminho.
É tragar o suor e o orvalho,
Beber do ocaso e da pele,
Desdenhar dos elos falhos,
Morrer, por mais que se cale
O grito, rogo e súplica,
Deixar-se afundar, descender
Na prosa mais impudica
A respeito do seu entender
Próprio. É esquecer-se de si
Mesmo, compreender-se menos,
Perder-se, desencontrar-se,
Tatear pelo outro, pois unos
Os corpos se comunicam,
Pedem-se e se negam, tolos...
Sonegam a saliva, ficam
À espera um do outro, nos miolos
De algodão, tecidos, véus,
Campos de trigo, córregos,
Pedindo mesmo em si: "Céus,
Deixem-me fluir em seu âmago!"
Para aqueles destemidos
Ou apaixonados por sonhos,
O amor ideal é cálido,
Um tesouro sem tamanho!
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