sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

BALEIAS VOADORAS

Uma utopia de paz se desdobra adiante,
Onde os zelotes gestaram deuses que a sustentam.
Os feitos de seus paladinos que o mal enfrentam
São louvados nos lares em oráculos radiantes.

No coração da Polis um monumento se levanta,
Atlas ergue o mundo, em cujo topo há outro Atlas.
A seus pés, pequenos espartanos lutam nas Termópilas.
"Si vis pacem, para bellum", diz-se que seu brado canta.

Mas não há conflito senão a guerra à heresia,
Alimentada através da usura tácita e velada,
Que de tão pululante generaliza a afasia.

Maravilhas povoam o céu e o firmamento dança,
Lá os semideuses festejam, mas na rua calada
Os demônios imortais sorvem o pecado na bonança...

terça-feira, 7 de novembro de 2017

INSONE

Por toda minha volta, as sombras se erguem
Como os tentáculos de C'thulu, me buscando,
E jazido em seu afago vou me afogando,
Fugindo para os devaneios que mentem.

O Princípio da Incerteza habita a mente
E a energia do vazio a vai dilacerando.
A expansão do universo vai desintegrando
Minhas conexões nervosas insipientes.

Demônios e súcubos eu vou criando,
Tentando me distrair desesperadamente
À medida que do sono vou esquecendo.

À revolução do dia surge a alvorada
De cuja fulgência solar avermelhada
Assopra e dispersa minha alma evaporada.