sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

POESIA MENTAL

Eu gosto de descer a este vale, as recordações são boas, mesmo que não tenha havido nada de especial todos esses anos.
O laranja é uma cor horrível? Quem diria algo assim... É a cor que o céu escolheu ter. Vermelho também. Azul, só lá em cima, onde o Sol não alcança, ele está quase escorregando nas costas das montanhas, muito distantes. De lá ele lança essa penugem rústica, inflamada, morna, tenra, esse véu amarelado. O verde da grama selvagem se agita, se enternece, escurece de acordo com a distância, fica translúcido ao se aproximar das montanhas, longínquas. É como se o Sol ao entrar em contato com a rocha estridulasse, me fazendo desejar que ele descesse de vez e acabasse com a pressão na minha cabeça. Não agüento mais, esse momento está se tornando insuportável. As nuvens estão dispostas como se alguém tivesse as agitado, antes era o mel perfeito disposto sobre a calda, mas alguém mexeu e elas se dispersaram e se distorceram, se misturaram, assumiram várias cores, rosa, preto, branco... O barulho faz com que a imagem desfocalize, entonteço.
Caio na penugem. Não sei onde está o Sol. O céu derreteu, azul, roxo, branco, verde, amarelo, laranja, vermelho... Em breve o calor vai embora e o céu congela. Eu também se ficar aqui fora.