terça-feira, 9 de junho de 2009

(DES)ENCONTRO

Vários filmes se desenrolam
A medida que olho de um lado a outro
Como fotos em álbuns que eu ignoro
Não há como apreciar tantas vidas que passam
Mesmo que eu olhe nos olhos aqui e ali
A multidão permanece introvertida
Ler todas essas vidas
Não é sequer tão agradável
Mas, como sempre um mas
Entre tantos rolos
O seu filme voa patamar abaixo
Julgo pela capa, pois não enxergo
Seus olhos, não consigo fitá-los
Me abate uma tristeza insuportável
Avareza e ganância de te ter
Enquanto você permanecerá intocável
O que me fez humano por instantes
Despertando desejos, por cabelos vermelhos
Pele branca, largos quadris delineados, pequenos seios
E imaginar o teu cheiro sob o perfume
Me faz novamente uma vítima
Da consciência de existir
Enquanto os sentimentos são entorpecidos
Pela falta de ambição, a humanidade em mim é
Mais uma vez, drenada, desta vez
Pela desesperança, pois seus olhos
Fitam um planeta distante
Muito além do meu interior
E quando você olha para o nada
Eu sinto que não conseguiria entrar
E te sentir por detrás do olhos e pele
Nem ler os seus sentimentos
Nem ver os desenhos das tuas tatuagens
Nem descobrir a marca do teu perfume
No fim, vamos acabar nos desencontrando
Quando o ônibus atingir o ponto
Em que um de nós acaba abandonando o outro