sexta-feira, 10 de outubro de 2008

MIL FACAS

Ó, onde é que estava? Que estive fazendo?
E, antes que me esqueça, que faço agora?
Isso parece um bocado de água, escura
Congelante, só água, um deserto, sendo
Assim tão negro e sombrio, tão noturno
Tão profundo e infinito é esse oceano

Eu não lembro de nada, só que acordei
Com água pelo pescoço e sem nenhum chão
É um pesadelo ou o quê, piada? Mexam-
Se os membros, mas tão logo arrependei
Porque o gelo corta cada um feito
Mil facas, dilacerando o peito

E o coração homeostático teima, teima
O meu espírito queima como pode, contudo,
Se a lógica bem observa, hei de a chama
Ver apagar, já visto que só de vontade
Nada no ser humano se vale, à saber
Afinal, que é assim mesmo que tem de ser

Na vida há pancadas e as feridas
São mais teimosas que a alma, a alma!
Coitada da pessoa que escarnece
Há de se ver no meu lugar, às calmas,
Bem às calmas de quem se enternece
Deixo ser dragado pras proferidas

Linhas do destino encruzilhadas
O meu espírito reluzente
Na sopa de renitentes almas insaciadas!

2 comentários:

Lorena Cordeiro disse...

*indo copiar um trexo pra uma das minhas fotos*
De uma melancolia surpreendente, é verdade, mas ainda com margem pra tantas variáveis de interpretação...
Fazia tempo que eu não lia um poema seu... Aperfeiçoado a um nível memorável ^^
paaaaarabnéns xD
[E sim, você é exibido]

Jessika disse...

para almas insaciadas, licor de golpear ânsia