O amor real é patético.
É o conforto da poltrona,
Lareira acesa, vinho antigo
Velho disco na vitrola.
É o ombro amigo, meigo e tenaz.
Ao mesmo tempo, sólido
E veludo, se é que estás
Entendendo o que digo.
É o tenro sabor da idade
Das águas das cachoeiras,
Nostalgia e austeridade,
A terna voz conselheira.
Paciência e solicitude,
Carinho e simplicidade,
Sacrifício e servitude,
Resquício de humanidade.
A poupança dos amores
Que foram sonhados, porém,
Sem dores e sem sofreres,
Fixaram-se em alguém.
É a recompensa da viagem
Mais prudente e precavida.
De todo o temor à estiagem,
Preparada e prevenida.
O amor real não é uma pedra,
Nem as flores, nem a estrada, nada.
É uma armadura que medra
A confiança hoje encontrada.
É o amor dos pragmáticos,
E também dos entediados,
Muito seguro e prático,
Socialmente admirado.
Para os verdadeiramente
Aspirantes de seus sonhos
O amor real é, e o é realmente,
Uma merda sem tamanho!
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