As tradições dos homens não me despertam
Nem mulhereres de bocas delineadas me apetecem
As bocas de que gosto não precisam ser finas
Vibrantes, sorridentes, nem as que os suspiros engrandecem
Passo o dia inteiro dormindo
Mas desço à ribeirinha
Ainda na manhã de domingo
Cortando o éter da monotonia
Resgato da memória um garimpeiro
Catando pedras das águas leitosas
Separando de toda variedade
As pedras mais iguais que pode
Mas quando seu ectoplasma some
Olho para os seixos sobre os quais ando
E são estas pedras que me atraem para a descida
Caso avistasse ouro, logo venderia
Mas uma pedrinha cujo formato jamais vi
Guardá-la hei por toda a vida
É a memória carinhosa do calor
Com que a natureza me abraça
Entre tantos ourives destruindo
A forma com qual a pedra fora encontrada
A lapidar o que já foi único
Para igualar ao que já se fez
Prefiro pedras sem brilho
Sem sorriso,
Mas mais raridade em sua tez
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