O amor ideal é intangível
É o rebusco das emoções
Até o seu mais alto nível.
A perdurar por gerações,
Ele aquece do túmulo
As terras e as vidas todas,
Fazendo emergir do solo
Belas flores esquecidas,
Mas ainda assim coloridas.
O amor ideal é trôpego,
Gagueja, sua, traz despida
A inocência, os trêfegos
Beijos, inquietudes, sopros.
Desespero e inconsequência.
Sexo por amor, quid pro
Quo em parnasa competência.
É frágil, mas duradouro.
Ora trágico e ora feliz.
O amor ideal é vindouro
E pode deixar cicatriz.
É uma luta, não um acordo
Entre o futuro e o destino.
É beijar a pedra e o fardo
Encontrados no caminho.
É tragar o suor e o orvalho,
Beber do ocaso e da pele,
Desdenhar dos elos falhos,
Morrer, por mais que se cale
O grito, rogo e súplica,
Deixar-se afundar, descender
Na prosa mais impudica
A respeito do seu entender
Próprio. É esquecer-se de si
Mesmo, compreender-se menos,
Perder-se, desencontrar-se,
Tatear pelo outro, pois unos
Os corpos se comunicam,
Pedem-se e se negam, tolos...
Sonegam a saliva, ficam
À espera um do outro, nos miolos
De algodão, tecidos, véus,
Campos de trigo, córregos,
Pedindo mesmo em si: "Céus,
Deixem-me fluir em seu âmago!"
Para aqueles destemidos
Ou apaixonados por sonhos,
O amor ideal é cálido,
Um tesouro sem tamanho!
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