Resplandecente aura que asperge o cosmos
De tinta negra, como um revolto mar
Noturno, a reter navios nos ermos
Colossais, escuros e frios, a assomar
Monstruoso, gigante, inexorável...
És a impassibilidade voraz, faminta
De calor a devorar o universo!
Buraco negro, escuro antifóton,
Alumia o pesar, esmorece a alegria!
No teu leito profundo vozes ressoam
Ainda! Geme o planeta da tua ébria
Loucura, a o engolir insaciável,
A sufocar o grito e a revolta
Nos terrores e horrores mais diversos!
Indolente miasma, marasmo da alma!
Do caos das prefulgências reverbera,
Perturba a superfície maritma,
No funéreo vácuo ecoa, à severa
Escala foge, perpassa inaudível.
Permeia a galáxia com a sombra estulta,
Na torpe penumbra esconde o perverso.
Antítese da esperança, estagna
A pulsação, amolece os músculos,
Adormece o espírito, acanha
O louvor, absorve o brilho, o ósculo
Sorve, nos deixa a carne perecível,
A carcaça morta, vazia e funesta!
Do lume nos leva ao sentido inverso!
Irradia do pélago da celeste
Origem, da escuridão primitiva...
Desde o início embebe as dolentes vestes
Em óleo escuro, na viscosa saliva
Etérea, no ectoplasma inextinguível!
Matéria escura, matéria esquisita!
Em si permeia o espaço-tempo imerso!
Ruge em contrações, ronca o sono morto
No esquife do fundo abismo atlântico,
Que contém o tempo, guardado no extinto
Âmbar da Gênese, no titânico
Altar... És registro da hora inefável
E primordial, ouve-se de ti a grita,
No oceano o choro batismal submerso!
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